Sentada neste degrau gelado estendo a mão para o nevoeiro.
Nada.
O vazio é quase tangível.
É como se forçasse o braço para dentro do meu corpo. É como se me rasgasse desesperadamente à procura de mim num movimento frenético de puro fracasso.
Sinto-me enjoada - a náusea asfixia-me; arrepia-se-me a pele e não sinto os membros; a cabeça dorida pelo tropel desordenado de pensamentos e o coração disparado inquietam-me. O vinco de dor está-me estampado no sobrolho. Há quanto tempo estou assim franzida de mão estendida na direcção desse mundo?
... E tu ... continuas aí na janela a olhar-me ... e sorris ardente por entre as lágrimas que vão gotejando até mim e rolam pesadas pela minha face. (terei também de chorar a tua dor?)
... E tu ... continuas aí na janela a olhar-me ... e dizes que queres estender a tua mão até à minha aberta para o nada. Queres que o meu toque quebre o teu gelo.
(continua)
6 de maio de 2009
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